
Parece evidente e manifesto que ninguém pretende trazer à memória os recentes indicadores das sondagens como argumento de que os 9 pontos que separam os candidatos sejam suficientes para Rui Rio não ter preocupações. Está fresca a memória da campanha eleitoral 2001, em que Rui Rio partia para a eleição a vinte pontos de distância de Fernando Gomes. Ou ainda, a vitória tangente de Santana Lopes, em Lisboa. Num exercício de esforço, não consegui encontrar argumentos que colhessem para os ataques que lhe são feitos.
Embora seja recorrente dizer-se que não se entende porque é Elisa Ferreira candidata a dois lugares, incompatíveis entre si. Ora sendo a tomada de posse dos eurodeputados a 13 de Julho, seguido de um período de inactividade parlamentar e assumindo funções, de forma mais intensa, em Setembro, é natural que Elisa Ferreira diga que só vai assinar. Entendi, confesso, como sinal de convicção e força. Se a ideia fosse enganar os eleitores, a candidatura à câmara do Porto seria feita depois de dia 7 de Junho, falta já muito pouco. Mas não.
Pôr-se-ia a questão de porquê então ser candidata ao Parlamento Europeu se está tão convencida da vitória no Porto. Não me cabendo a mim fazê-lo, eu tenho uma certeza, o Parlamento Europeu beneficia muito de deputados portugueses com a qualidade de Elisa Ferreira. Se Elisa não for Presidente da autarquia, inegavelmente, Portugal estará bem representado em Bruxelas e isto só era possível de uma forma: garantir aos portugueses que ela seria Eurodeputada na eventualidade de não presidir à autarquia portuense. O mesmo se passa com Ana Gomes. O Parlamento precisa destas pessoas ainda que possam agora ter optado por funções autarcas.
Mas os ataques ou críticas parecem estar apenas dirigidos a Elisa Ferreira. Mas será caso único? O que fez, tem feito e irá fazer Ilda Figueiredo? Não foi e não é ela cabeça de lista da CDU à Câmara de Gaia e igualmente ao PE? E porque não se fala?
Não se fala simplesmente porque são candidaturas, com todo respeito, inofensivas. Já a de Elisa Ferreira… em Outubro saberemos.
[Declaração de interesses: não sou militante do PS nem mesmo eleitor no Porto ]
João Marques Said,
Eu estou totalmente em desacordo com esta visão. Para mim não é uma questão legal, é uma questão ética. Este tipo de posturas mina a confiança dos cidadãos nos políticos e é indesculpável que a desvergonha chegue ao ponto de se assumir como normal uma declaração do tipo da que Elisa Ferreira proferiu.
E nem se venha dizer que é louvável o desprendimento de assumir frontalmente essa dúplice condição. Esta atitutde, repito, não é um sinal de coragem, é de desvergonha.
Publicado em 14 de maio de 2009 às 23:08