Contrariando as expectativas que alguns chegaram a alimentar, Obama não planeou qualquer visita às instituições comunitárias na sua primeira deslocação à Europa.
Contrariando as expectativas que alguns chegaram a alimentar, Obama não planeou qualquer visita às instituições comunitárias na sua primeira deslocação à Europa.
Se à deslocação à cimeira do G20 em Londres neste final de semana se sucede a cimeira comemorativa dos 60 anos da NATO em Estrasburgo, no entretanto realiza-se uma sessão plenária do Parlamento Europeu em Bruxelas que poderia ter sido presidida pelo Presidente Americano.
It wasn’t to be…
Hélas, em matéria de relações externas, e particularmente da resposta política à crise financeira, vale mais escutar as vozes de Londres, Paris e Berlim do que da “capital europeia”. Bruxelas fica-se pela presença fugaz de Hillary Clinton há umas semanas atrás, que se limitou de resto a uma visita de cortesia à Young Transatlantic Network (YTN), um “think tank” de quadros baseados em Bruxelas cujo nome fala por si.
Pelo contrário, Brown esteve na semana passada na sessão plenária de Estrasburgo e assumiu-se como algo mais que o anfitrião de ocasião.
Na verdade, no que respeita às relações com a Europa, e em particular ao nível da regulação financeira, a linha divisória está, hoje como antes, entre um “eixo” Londres-Washington e um “eixo” Paris-Berlim.
Se o Reino Unido resistiu durante muito tempo às pressões no sentido de uma regulação mais estreita do sector financeiro – à semelhança daquilo que se passou durante anos com a banca de investimento nos EUA – acabou por ser Gordon Brown o precursor dos movimentos de recapitalização de bancos e de garantia de depósitos que fizeram caminho na União Europeia. Para trás ficaram as resistências britânicas aos primeiros sinais de desgaste do “capitalismo financeiro” deste início de século – as questões da regulação financeira saltaram para a agenda quando a "aliança" entre Angela Merkel e Nicolas Sarkozy trouxe à colação, no Verão de 2007, os “locus funds”, fundos especulativos ("private equity") que na Alemanha (como na Dinamarca) eram acusados de sugar a economia empresarial à custa de lucros financeiros de curto prazo.
Honra seja feita a quem, como o antigo Primeiro-Ministro Dinamarquês Poul Rasmussen – o presumível candidato de esquerda ao lugar actualmente de Barroso - desde então se bateram pelo voluntarismo europeu na regulação. Os Socialistas exageram hoje na clarividência que se atribuem, mas foram os únicos no quadro partidário europeu a manifestar a fraqueza da arquitectura existente.
Entretanto, Obama divide para reinar. Entre ele e Brown jogar-se-á o mais decisivo denominador comum dos países desenvolvidos. Por "injusto" que seja para os esforços e acção dos que em Bruxelas se bateram por outro quadro de regulação.
Contrariando as expectativas que alguns chegaram a alimentar, Obama não planeou qualquer visita às instituições comunitárias na sua primeira deslocação à Europa.
Se à deslocação à cimeira do G20 em Londres neste final de semana se sucede a cimeira comemorativa dos 60 anos da NATO em Estrasburgo, no entretanto realiza-se uma sessão plenária do Parlamento Europeu em Bruxelas que poderia ter sido presidida pelo Presidente Americano.
It wasn’t to be…
Hélas, em matéria de relações externas, e particularmente da resposta política à crise financeira, vale mais escutar as vozes de Londres, Paris e Berlim do que da “capital europeia”. Bruxelas fica-se pela presença fugaz de Hillary Clinton há umas semanas atrás, que se limitou de resto a uma visita de cortesia à Young Transatlantic Network (YTN), um “think tank” de quadros baseados em Bruxelas cujo nome fala por si.
Pelo contrário, Brown esteve na semana passada na sessão plenária de Estrasburgo e assumiu-se como algo mais que o anfitrião de ocasião.
Na verdade, no que respeita às relações com a Europa, e em particular ao nível da regulação financeira, a linha divisória está, hoje como antes, entre um “eixo” Londres-Washington e um “eixo” Paris-Berlim.
Se o Reino Unido resistiu durante muito tempo às pressões no sentido de uma regulação mais estreita do sector financeiro – à semelhança daquilo que se passou durante anos com a banca de investimento nos EUA – acabou por ser Gordon Brown o precursor dos movimentos de recapitalização de bancos e de garantia de depósitos que fizeram caminho na União Europeia. Para trás ficaram as resistências britânicas aos primeiros sinais de desgaste do “capitalismo financeiro” deste início de século – as questões da regulação financeira saltaram para a agenda quando a "aliança" entre Angela Merkel e Nicolas Sarkozy trouxe à colação, no Verão de 2007, os “locus funds”, fundos especulativos ("private equity") que na Alemanha (como na Dinamarca) eram acusados de sugar a economia empresarial à custa de lucros financeiros de curto prazo.
Honra seja feita a quem, como o antigo Primeiro-Ministro Dinamarquês Poul Rasmussen – o presumível candidato de esquerda ao lugar actualmente de Barroso - desde então se bateram pelo voluntarismo europeu na regulação. Os Socialistas exageram hoje na clarividência que se atribuem, mas foram os únicos no quadro partidário europeu a manifestar a fraqueza da arquitectura existente.
Entretanto, Obama divide para reinar. Entre ele e Brown jogar-se-á o mais decisivo denominador comum dos países desenvolvidos. Por "injusto" que seja para os esforços e acção dos que em Bruxelas se bateram por outro quadro de regulação.
Cidália Said,
Baptista Bastos diz que "ser indiferente à política revela amolgadelas de carácter, mente porque, em rigor, defende pareceres desonrados" sic Vasco de Graça Moura em "Alfreda ou a Quimera".
Não considero que tenha falta de caracter mas a verdade é que a política não me fascina. Não me sinto à vontade para alimentar uma discussão sobre o tema que levantas, talvez por isso, também me seja difícil perceber o fenómeno OBAMA.
Obama já era fenómeno antes de ser Presidente, se calhar foi Presidente por ser fenómeno.
Não são só os políticos, os financeiros, os economistas a ter expectativas. Estas, são transversais abrangendo diferentes idades, sexos, raças e sei lá mais o quê...
Agora mesmo passou na televisão a chegada dele, penso que a Estrasburgo, e não é que as francesas pareciam que tinham acabado de receber os beatles????Só faltaram os desmaios... O que se passa com este homem? A quem irá desiludir?
Publicado em 3 de abril de 2009 às 21:21
Tiago Sousa Dias Said,
Olha, a mim não me vai desiludir de certeza porque já percebi há muito tempo que vai ser um flop. Já o disse e escrevi várias vezes.
Mas a questão que o Pedro levanta é de uma subtileza fantástica. Muitos disseram que esta cimeira do G20 marca um ponto na história: o fim da era Bush e o início do entendimento internacional. Ora, para não falar no facto de os manifestantes se terem manifestado na mesma e até ter, infelizmente, falecido um, a verdade é que Obama não entrou nas instituições porque... é preciso ter calma. Os EUA serão sempre os EUA. Seja quem for o seu Presidente, é o Homem mais poderoso do Mundo. Ponto. E este não é diferente, pelo contrário, vem de Chicago sabe como impôr-se. Impôe-se decidindo o seu trajecto. O entendimento com todas as nações foi em Londres. Já chega.
Os EUA vão continuar a ser a mesma superpotência e não é Obama que vai mudar as consequências que vêm daí. Veremos, por exemplo, daqui a um ano, se há ou não há tropas no Iraque. É que se não houver vamos ter problemas sérios e, porque não, o abuso económico, estratégico e porque não militar do Irão que irá exercer o seu ascendente sobre o Iraque. Como isto é uma consequência inevitável da retirada amerciana nesta fase, não acredito que saia apesar do SantObama o continuar a pregar.
Publicado em 4 de abril de 2009 às 03:45
Nuno Campo Said,
Portugal tem aqui um importante ponto a seu favor...os cães de água...lol
Publicado em 7 de maio de 2009 às 16:54